sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Se tornar uma moça empoderada não é mudança é construção!

Bom queridas, eu Criadora do Mocinha Feminista gostaria de compartilhar o meu desabafo e experiencia em agradecimento ao crescimento da pagina para que mais e mais possamos nos empoderar unidas !

 Lembro me das lágrimas na 5 º série do primário quando ouvia, gorda! Baleia! Mal vestida! Favelada! enquanto, silenciosamente minhas lágrimas caiam encima dos cadernos...
Lembro-me que ser uma menina era muito difícil para as minhas amigas, e para mim, menina e pobre não poderia ser mais difícil.
 E se tornar uma mulher empoderada dentro das circunstancias sofridas desde a violência psicológica no primário por não se encaixar fisicamente e nem socialmente no padrão de "Princesa" é como rasgar a pele e a alma para não se render a todas as imposições patriarcais . E pra dar mais força a minha luta, me apaixono por uma garota, isso! Uma Garota, com seios como os meus e com gloss brilhoso nos lábios. Com 14 anos eu era: Mulher, pobre, gorda, e lésbica!
E além dos adjetivos "carinhosos" do primário também ouvia coisas como : "- Fica longe da minha irmã, sua sapatão! " ou " Não quero ir ao banheiro com você".
 As vezes pensava em bulimia, só pra vomitar toda a comida que comia chorando por causa da maldita opressão disfarçada de brincadeira, outras em morte, e por fim e graças encontrei o feminismo. Sim! Essa ideologia libertadora da mulher! Que me tirou as amarras do medo, do medo da luta, do medo de ser diferente, gorda, ter estrias e todo esse emaranhado de coisas impostas.
Mas, quando a luta começa e toda a desconstrução, e os livros de Simone de Beauvoir e a sobrancelha da Frida Kahlo e toda aquela busca por força, aceitação, beleza no que me disseram que era feio me mostrava que a mulher se desconstrói construindo, sim!
 A cada pedaço de dor que cai é um tijolinho de amor e Sororidade que se coloca naquele lugar, e você se constrói apoiando as outras companheiras a também desconstruírem essa casca dura de patriarcado que vai moldando a gente desde o nascimento. E sim, a desconstrução não acabou mas, hoje me sinto muito feliz por encontrar em meu corpo um abrigo e não uma prisão, encontrar nas minhas companheiras compaixão e aprender a cada dia novas formas de lutar em conjunto. E sim, 'não se nasce mulher, se torna Mulher"como dizia Simone De Beauvoir. E eu me tornei.
E com um Ano de blog e todo esse amor que trocamos e a Sororidade que praticamos eu agradeço e peço, não vos abandonem, não me abandone, Não nos abandonemos .
 Confesso que a Sororidade de vocês me motiva a ser quem eu sou e lutar diariamente para nunca oprimir nenhuma mulher e jamais justificar o machismo.


  É necessário que TODAS mulheres se reconheçam na luta. Pois é só pela consciência que se faz a verdadeira revolução.






Ensaio Feito pela Isabelle Abrego, Amiga trans amorosa e ótima em fotografia "Uma feminista psicodélica perdida em um "grande" centro.